DealflowBR #79
Sobre introduções a investidores, o poder das plataformas, updates do mercado de VC, Fundos Unicórnios (10x) e mais...
Olá,
Estou prestes a viajar de férias, e sobrou um tempo para eu compilar e compartilhar algumas ideias e conteúdos que tenho lido e refletido nos últimos dias.
Como é possível notar, desde a última edição estou dividindo a minhas newsletters em três seções:
Coisas que estou pensando: Ideias que tenho me debruçado por alguns minutos ou horas nas últimas semanas. Geralmente são ideias em construção ou para serem discutidas e aprimoradas antes de solidificadas.
Pílulas de Conhecimento: Textos que li recentemente que tem algum conteúdo relevante ou importante, e me fez refletir, gera discussão ou algumas notas.
O que tenho lido: Os melhores e mais relevantes conteúdos que li e ouvi e acho interessante para compartilhar. Muito valeriam boas reflexões, mas que ficam para próximas edições.
Se quiser compartilhar via WhatsApp, clique no botão abaixo…
Se você recebeu de algum parceiro, ou está acessando a DealflowBR pela primeira vez, se inscreva:
Coisas que estou pensando…
Sobre introduções a investidores
Acho que a importância de um introdução 'quente' já é um tema com uma vasta literatura na web, mas algumas coisas não tão óbvia que venho pensando. A melhor pessoa para te introduzir a um VC é a pessoa com melhor capital social, que confiam e que “devem” alguma coisa. Por isso que, geralmente, os cofounders de empresas investidas são uma ótima ponte, principalmente o que figuram nas empresas mais queridas ou mais bem sucedidas do portfolio. Essas pessoas possuem um apreço e atenção muito grande dentro das gestoras. Então, se você consegue uma introdução com uma dessas pessoas, certamente vão falar de você nos bastidores e alguém marcará uma reunião com você.
Quanto maior a combinação do i) social capital e do ii) apreço da pessoa que faz introdução melhor. É possível imaginar uma ordem de relevância mais ou menos assim:
Pessoas de confiança/trusted relations dos Partners das gestoras
Empreendedores de sucesso/serial founders investidos anteriormente
Empreendedores de sucesso/serial founders de relacionamento desse partners
Empreendedores do portfolio do investidor
Investidores VC de estágios posteriores ao do investidor (fundos late-stages)
Investidores LP dos fundos desses investidores
Investidores VC do mesmo ou de estágio anteriores
Advisors (advogados, consultores, etc.)
...
Cold Call
(PS: esse é um esboço, mas que pode funcionar de diferentes formas ou em outra ordenação para outras pessoas)
Outra ideia de introduções é a do Matt Mochary, coach dos principais CEO do Silicon Valley e autor de “The CEO Within”, que sugere em um de seus textos (recomendo ler todo o texto) que levante de 3 a 5 introduções para aquele investidor, e que todos façam na mesma semana.
Ele explica melhor assim essa forma de construção do seu capital social:
“… primeiro encontre de três a cinco pessoas em sua rede que conheçam essa pessoa. Em seguida, peça a cada uma delas que envie um e-mail ao investidor alvo, informando o quão relevante eles acham que você é e recomendando fortemente que ela se encontre com você. Depois de receber vários desses e-mails, o investidor entrará em contato com você proativamente. Ela já recebeu recomendações antes, mas nunca três ou mais para a mesma pessoa...”
Isso cria uma percepção natural importante sobre você e dá maior importância dentro das diversas introduções que o investidor recebe. Porém, é importante ter em mente que essa segunda tática é uma forma de fortalecer a aproximação, mas ela ainda vive dentro da regra da tática anterior.
Pílulas de Conhecimento
O poder das plataformas
Estava relendo esse belo texto que traz várias ideias e insights para quem está construindo plataformas de negócios.
Primeiro, as questões de Stickiness e Multihoming é primordial para avaliar o real efeito de rede de uma plataforma. Sem isso, o efeito de rede é fraco e pode ser perdido.
Para entender a dinâmica dessas forças em mercado de software e plataformas, o autor sugere não olhar só na cadeia de valor, mas principalmente os diferentes layers de um stack vertical do usuário. Em um mundo de stacks de tecnologia com cada vez com mais players diferentes, é importante entender qual layer é o padrão de relação com o usuário nesses stack.
Quanto mais na base mais poder tem dentro do Stack mais poder ou defesa se tem. Por exemplo, o Iphone (Hardware + iOS) é o layer mais poderoso de padrão da relação do usuário, por isso a Apple tem tanto poder nas relações entre empresas de software. No caso, de forma similar da imagem mostra como o Google foi construindo sua defensabilidade ao ir descendo dentro das layers de interação. Search Engine -> Chrome -> Android. E talvez por isso que o Google pagou $10bn para a Apple para ser a Serach Engine Padrão do Safari (Serach Engine -> Safari -> IoS).
Gostei muito dessa descrição de Plataformas e seu Moats: Você vai subindo no stack para construir a plataforma e você desce nele para construir a sua defesa.
"_As a result, you see companies trying to: create layers on top of their business (everyone wants to be a platform) - up
move down the stack to get closer to the base layer (to increase defensibility) - down"
Updates do mercado de VC
Power Law 2023
A Correlation Ventures atualizou um dos seus gráficos (super referência para slides de introdução a VC) que demostra claramente a Lei de Potência no VC.
Incluíram também, um gráfico que mostra a evolução da dinâmica da Lei de Potencia em diferentes momentos das últimas décadas. A expectativa é vermos um comportamento de menos Winners(10x+) e um aumento de Losses (<1x) nos próximos anos, como nos anos após as crises de 2000 e de 2007.
O texto recente da Laura Constantini, da Astella, sobre a escassez de capital no VC é um bom complemento de leitura.
Update do mercado dos EUA de 2Q23 da Angelist
Outro update interessante foi o relatório da Angelist 2Q23 com a atualização de medianas no mercado.
Quero só deixar uma nota para reflexão que, dado a sua economia, oportunidades e riscos, o top quartile do Brasil se enquadra na mediana global. Com isso, de forma bem empírica, o low quartile do gráfico faz algum sentido com a mediana de deals que tenho visto por aqui.
Fundos “Unicórnios”
Achei essa pesquisa muito interessante, por ser uma perspectiva rara. Ela pesquisou em mais de 650 fundos nos últimos anos, para identificar quantos deles tinham o TVPI (total-value paid in, ou valor total do fundo em relação ao tamanho do fundo) maior que 10x. A pesquisa tem algum um viés de gestores emergentes da análise já que a Raise Global é uma empresa que conecta LPs com gestores emergentes de VC. Existem diversos fundos de renome globalmente e no Brasil, que foram divulgados na mídia seu histórico de 10x+.
No final, o resultado me fez muito sentido. Os primeiros fundos e fundos menores são mais propensos a atingirem 10x de TVPI.
O tamanho de fundo é uma discussão bem importante na construção de posicionamento, competitividade e para matemática de retornos e sucesso.
Vale lembrar que o TVPI é uma métrica que foi inflada nos últimos anos e pode não responder ao que de fato importa para o investidor de fundos que é o indicador de DPI (distributed paid-in, ou o quando de fato é retornado ao bolso dos investidores).
O que tenho lido de interessante
Relatório - Panorama do Account-Based Marketing - Maestro ABM
The Cloud 100 Benchmarks Report 2023 - Bessemer Venture Partners
Great Time to Start a Company, Tough Time to Be Running One | Hunter Walk
The real story of how Facebook almost acquired Waze, but we ended up with Google
Até a próxima! 🫶
Abraço,
Guilherme Lima (sobre mim)
”DMs are open”: Twitter | LinkedIn | Medium
A minha newsletter é gratuita e o que me motiva escrever é poder interagir com mais pessoas. Se gostou, compartilhe com a sua rede.
Se quiser compartilhar via WhatsApp, clique no botão abaixo…
Veja também a minha Biblioteca com minhas referências de Boas Práticas, Templates e Exemplos para empreendedores e investidores de startups.
Nota final: a DealflowBR é minha newsletter pessoal sobre o mercado VC e de Startups. Todas as opiniões colocadas aqui são minhas e não necessariamente expressa a visão da gestora pela qual eu trabalho. São opiniões e conteúdos com o objetivo único de levar conhecimento e discussão, e NÃO de ser qualquer tipo recomendação de investimento. Fique a vontade para discutir comigo abaixo nos comentários ou respondendo este e-mail.