DealflowBR #78
O Desalinhamento Entre Investidores na Rota de VC, Fundamento Sobre Vendas de Canais, Insights do CEO e Cofounder da Omie, e mais...
Olá,
mais uma edição chegando na sua caixa. Começando com notícias da casa.
Eu participei do Podcast da ACE, com o Pedro Waengertner(host) e o Pedro Carneiro, ambos da ACE Ventures. Nesse episódio nós discutimos e trouxemos nossas perspectivas sobre "captação de investimento em PowerPoint", o que pode também significar pré-MVP ou investir só na ideia. A gente falou de conceitos como o Idea Maze, a importância da clareza e das conversas e, na visão de investidores, como um founder pode aumentar as suas chances de captar. (Spoiler: é muito difícil). Link pro Spotify🎧.
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Coisas que estou pensando
Desalinhamento na trilha de VC
Estava lendo sobre esse artigo de captables recentemente e recomendo a leitura. Ele é bem completo sobre o assunto e bem relevante, principalmente em um cenário de mercado que tem sido feito Extensões e Rodadas Pontes para reajustar os objetivos e financiamento para conquistá-los. Traz de forma clara os problemas que um captable comprometido pode gerar para o futuro de uma empresa que busca crescer com capital de venture.
Mas o que eu tenho pensado mais profundamente nos últimos dias, é sobre o desalinhamento entre diferentes perfis de investidores de VC, dentro da rota de VC. E me parece claro que esse desalinhamento está muito relacionado ao gap da expectativa de retorno do equity de cada investidor que, para as empresas, reflete em consequências em captable e decisão de caminhos estratégicos.
Acredito que a diversidade de teses e perfis entre investidores pode ser positiva, tanto para atender LPs como diversificação, com o desafio do empreendedor em diferentes estágios de evolução. Porém, essa diversidade traz uma necessidade diferente em relação à visão de sucesso daquela oportunidade. Por exemplo, uma saída avaliada em R$ 200 milhões em um estágio de Series-B pode ser uma saída bem sucedida para Anjos e Micro-VC, mas é longe do ideal para um fundo Seed ou Series-A institucional.
O artigo sobre Captable que citei no início traz o reflexo dessa dinâmica no retorno para um fundo pequeno e um grande.
“O tamanho do fundo é a sua estratégia”
O conceito de Fund Returner - retorno do investimento com o potencial devolver o tamanho total daquele fundo que está investindo nele - é um bom modelo mental para entender a exigência de saída de um fundo. Além disso, a diferente expectativa exigirá diferentes exigências entre participação e termos (como liquidation preferences, drag/tag along, etc...) para cada investidor ao longo da rota. Não ter isso em mente pode ser crucial para o sucesso desejado para o founder, de um negócio de venture.
Esse desafio fica bem claro quando a gente faz a conta. Para o investimento retornar um fundo de tamanho de $100 milhões, pensando que no exit o fundo deterá cerca de 5%, a empresa vendida deverá ser avaliada em mais de U$ 2 bilhões. Em um período de 10 anos, essa empresa precisará de um faturamento de ao menos $200mn por ano.
Isso se intensifica ainda mais em uma geografia de Brasil em que a mediana de exits nos últimos anos foi de cerca de U$137 milhões e transações de mais de $1 bilhão são poucas. Vale mencionar uma tendência positiva é que o tamanho médio de exits no Brasil tem crescido.
No final do dia, para os investidores, isso implica em desafios de desenvolvimento de negócios e alinhamento com outros fundos ao longo da jornada, em que fundos menores deverão trazer fundos maiores em rodadas seguintes. Para founders, isso implica na atenção ao alinhamento dos investidores com a sua rota e visão de crescimento do negócio longo prazo.
Esse desalinhamento faz parte da jornada, e ainda não vejo uma solução, apenas remediações - como termos, recaps e saídas secundárias -, mas saber que ele existe já um bom início para moderá-lo com intenção.
Pílulas de Conhecimento
Da Astella: Sobre Vendas via Canais:
Esse bate-papo do Edson Rigonatti, GP da Astella, com a Nara Vaz, Founder da Plural Sales, sobre vendas via canais está recheado de insights e ideias. Quem pensa em construir uma máquina de vendas via canais é imperdível como fundamentação:
A volta do Astella Playbook com Marcelo Lombardo, CEO e Cofundador da Omie
Astella Playbook, o Podcast da Astella, voltou e o episódio de reestreia foi com o Marcelo Lombardo, Cofounder e CEO da Omie, o maior ERP SaaS para PMEs no Brasil, e não poderiam recomeçar de uma forma melhor.
O Lombardo trouxe vários insights bem sólidos de sua jornada de gestão de um CEO e cofundador na Omie:
Sobre os aprendizados de Fundraising, e a importância de construir credibilidade e relacionamento com o mercado de capitais quanto antes. A decisão de investidores de Series-A para frente não se faz durante poucas semanas. Depois disso, a Serie-B e a Serie-C vieram com mais facilidade. E por fim, sobre a ideia que ele abortou de captar com estratégico.
Sobre contratação de executivos, a importância do coachability o que ele olha e alguns truques que ele usa em entrevistas com executivos para entender o coachability.
Sobre teses de M&A da Omie, e como ele vê a tese de crescer receitas vs trazer novos produtos, talentos e adjacências, e por que ele escolheu a última.
Sobre a tese de software de gestão para pequenas e médias empresas no Brasil.
Forte crescimento pós $1mn = Series-A
As empresas early-stage da faixa de elite de crescimento vão do devagar para o rápido "de repente". E quando crescem extrapolam o 3x3x2x2x2, algo como "7x3x2x2x0,5". E o crescimento no ano seguinte ao atingir os $1mn de ARR é um dos fatores mais importantes para uma boa rodada de Series-A.
Esse é o caso abaixo, apresentado pelo founder da Beehiv, ferramenta para creators, similar ao Substack, que levantou uma rodada de Series-A, de U$12,5mn, com a Lightspeed:
O que tenho lido de interessante
O livro vermelho de cultura do Facebook que era entregue aos colaboradores em 2012 (PDF)
1. The Billion Dollar Revenue Club - by Nikhil Basu Trivedi & 2. On revenue, gross profit, and profitability
Até a próxima! 🫶
Abraço,
Guilherme Lima (sobre mim)
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