DealflowBR #44 - O Futuro do Investimento em SaaS
E mais, o Longo Prazo e o Venture Capital, Pitch via Zoom, Uma Comparação dos Tickets de Rodadas e outros links para leitura...
DealflowBR é uma newsletter pessoal de colaboradores, enviada quinzenalmente, sobre Startups, Venture Capital e Investimentos em Tecnologia, em que ~80% é uma curadoria de conteúdo que tenho lido e ~20% são análises próprias, insights e outros devaneios.
Bom dia,
A edição dessa semana saiu na terça-feira, mas está valendo😅.
Como na maioria, essa contém contém cruzamento de ideias e leituras que tenho me deparado nas últimas semana:
Futuro do SaaS e onde encontrar valor
O Longo Prazo e o Venture Capital
Comparando as Rodadas Seed no Brasil e no Mundo
Apresentando o Pitch Online
Se gostar dessa edição, não deixe de enviar para seus amigos e parceiros também lerem.
Se quiser compartilhar para alguém ou em grupos via WhatsApp, clique no botão abaixo…
O Futuro do Investimento em SaaS
Na última edição, comentei sobre a carta da SFA sobre o playbook do Cloud Economics e como as empresas de SaaS da última década se tornaram grandes empresas.
Foi uma época de ouro para investimento em soluções de cloud enterprise. Com o impulso da digitalização, incumbentes lentos e em tecnologia on-premise, baixo custo de capital e o apoio de gestores de Venture Capital, startups como Zoom, Snowflakes, Docusign se tornaram negócios gigantes nesse setor e trouxeram grandes retornos para investidores.
Ao mesmo tempo, alguns dos grandes incumbentes de tecnologia como Microsoft, Adobe, Amazon, já atendendo diferentes áreas dentro das grandes corporações, com apoio de M&A, migraram para soluções em cloud e começaram a oferecer soluções competitivas horizontalmente.
Agora, nos anos recentes, como esse post descreve muito bem, dado a abundância de recursos e alta competição por clientes e talentos, o investimento em SaaS tradicional perdeu a sua atratividade dos meados da década passada.
Agora, a pergunta é: como fugir dessa competição e buscar a geração de valor dentro do mercado de SaaS? Uma das respostas deve estar na Verticalização do SaaS.
Como esse artigo da TCV apresenta, a potencialidade do SaaS hoje está em aumentar a sua especialização da solução, buscando se diferenciar e entregar um produto melhor, e aumentar a amplitude verticalmente dentro da cadeia.
Isso pode ser feito de diversas formas, mas alguns caminhos de exploração mais claras está em apoiar na transação, comunidade e rede, marketplace B2B, entre outros caminhos. Isso daria um outro extenso post.
Alguns textos e conceitos que acho interessante para explorar essas formas de verticalização a partir do modelo SaaS:
Market Networks da nfx
Fintech Scales Vertical SaaS da a16z
“Vem pela ferramenta, fica pela rede” do Chris Dixon
O Longo Prazo e o Venture Capital
Para quem investe em Venture Capital, ou como anjo, ou pensa em ter a carreira em VC, acredito que o gráfico abaixo representa bem essa jornada, correlacionando com Hype-Cycle de Inovação da Gartner:
A trajetória emocional pode ser dividida em três grandes fases:
A expectativa inflada com conclusão da captação, o inicio da construção do portfolio de investimento e algumas conquistas iniciais. Geralmente do inicio até o terceiro ano do fundo.
Depois começa uma desilusão. Alguns chamam do "Messy Middle". É uma fase, geralmente entre o terceiro e quinto ano, que exige uma auto-análise e estomago pois as perdas e write-off começam a aparecer. Se você não tem o olhar no longo prazo e ter um foco no processo, poderá se frustrar aqui e desistir.
O sucesso das campeãs e entregas de retorno do fundo, a partir do quinto ano. Uma fase de colher os resultados.
O grandioso está no longo prazo. É preciso paciência para passar a arrebentação.
O texto que me despertou o interesse de comentar o assunto foi do Mark Suster, da Upfront Ventures, sobre como jogo de Longo Prazo do Venture Capital beneficiou seus fundos. Ele argumenta sobre o benefício do crescimento recente das grandes rodadas de investimento do growth e late-stage que abastecem o caminho das Startups para o sonho grandioso, e ainda como os LP(investidores dos fundos) ainda não compreenderam a onda completamente.
A combinação do Longo Prazo e a participação de maior capital ao longo da jornada das Startups, principalmente no late-stage nos últimos anos, está fazendo com que o Venture Capital, em termos gerais, seja o ativo de investimento de maior retorno nos últimos anos, como mostra dados do Pitchbook.
Para os fundos lançados em meados da última década, que deverão encerrar em meado da década de 2020-2030, a perspectiva ainda é bem positiva.
Como Trabalhar com o Prazo Longo
Nessa semana, ainda relacionado com pensamento de longo prazo, Morgan Housel, da Colaborative Fund, - um dos escritores de negócios que mais admiro - fez um texto sobre Como Trabalhar com o Longo Prazo, que ajuda a pensar em como jogar o jogo de longo prazo, como do Venture Capital.
Traduzindo livremente o trecho inicial do seu texto:
“Longo prazo é mais difícil do que a maioria das pessoas imagina, e é por isso que é mais lucrativo do que muitas pessoas assumem. Tudo que vale a pena tem um preço, e os preços nem sempre são óbvios. O real preço do longo prazo - as habilidades exigidas, a mentalidade necessária - é fácil de minimizar, muitas vezes resumido com frases simples como "seja mais paciente", como se isso explicasse por que tantas pessoas não conseguem.”
Ele elabora em cinco pontos importantes para jogar esse jogo, que são:
O longo prazo é uma coleção ações de curtos prazo que deve-se atravessar
Só acreditar não é possível. É necessário a aprovação dos seus colaboradores, investidores, família e amigos.
Paciência geralmente é a teimosia disfarçada. (essa foi a que mais gostei)
É difícil prever como irá reagir ao declínio.
Longo prazo é mais sobre flexibilidade ao longo do caminho do que mirar em uma data futura.
Apresentação do Pitch via Zoom
Nas últimas semanas escrevi um post no blog da Astella sobre a dinâmica do nosso Partners Meeting, reunião chave dentro do nosso processo de investimento para apresentação das oportunidades para todos os sócios. O intuito desse post foi de termos o maior aproveitamento dessa importante reunião da gestora, que nos últimos 15 meses tem sido feita remotamente via zoom. No texto também tem algumas dicas de como consideramos uma boa reunião.
Os pitches via zoom deverá permanecer em sua maioria daqui pra frente. Mas, mesmo depois de algum tempo, ainda vejo muitas reuniões de pitch remotas não muito proveitosas.
Agora, gostaria de passar algumas ideias do que eu acho me mais funciona para mim, do lado de quem está recebendo e assistindo a apresentação de um pitch online, tentando capturar as informações.
Algumas dessas dicas de fundraising já valia pré-pandemia mas que devem ser reforçadas nesse momento. Acredito que tudo que for feito para melhorar a transmissão das informações, melhor a produtividade para o processo do empreendedor:
Fazer o pitch compartilhando a tela com a sua apresentação é melhor que somente a apresentação falada. Geralmente é difícil expor a narrativa e, para quem assiste, fica difícil de acompanhar o raciocínio ou visualizar os modelos mentais do fundador em relação ao seu negócio.
Sobre o pitch deck, um slide com muito texto enquanto o empreendedor apresenta na fala me atrapalha. É muito importante a exposição visual com gráficos, diagramas e frameworks. Como em apresentações de consultoria, gosto quando o subtítulo do slide apresenta uma mensagem curta e direta com take-away daquele slide. Isso ajuda o expectador entender o que você quer dizer ali.
Ainda sobre o deck, envie com antecedência. Se o investidor se importa com o tempo dele, ele olhará, o que facilitará o entendimento da oportunidade previamente. Pode ser DocSend, não tem problema.
A falta de presença física exige uma apresentação pessoal 'mais humana' ainda. Anteriormente, ao nos reunirmos fisicamente, era possível se ter uma noção quase que automática das pessoas, como reações corporais, hábitos, comportamentos etc... diferente do online, onde só se vê a pessoa sentada atrás de um computador. Uma boa iluminação do local, um bom posicionamento na cadeira e presença com a câmera, combinado com 'reações faciais' (olhar e sorrisos) ajuda. Para deixar mais humano, é trazer mais analogias da sua vida pessoal para o pitch. Um exemplo bem simples, é trazer ou relacionar algum hobby para contextualizar algum ponto do problema que soluciona ou do seu produto.
Análise dos Tickets de Investimento em Seed
O Cassio Azevedo, Cofundador da Medicinae, e parceiro da equipe da Astella, fez uma interessante análise, usando conceito do Michael Mauboussim, sobre o montante das rodadas no Brasil e seu comportamento em relação ao restante do mundo.
É possível notar que o tamanho dos cheques de Venture Capital têm crescido rapidamente no mundo inteiro, principalmente no Brasil. É um ótimo momento para começar a empreender em uma Startup de sonho grande.
O que mais temos lido de interessante
Investimento em Tecnologia
Carta anual de 2020 da Social Capital, por Chamath Palihapitiya - Social Capital
As Seis Histórias do Mercado Livre - The Generalist
‘Não compramos empresas para empilhar receita’, diz Locaweb sobre aquisições de startups - Estadão
Venture Capital
A métricas que mais importam para investidores e limited partners - Grand Cru Capital
Fintechs
Em meio a corrida do ouro dos IPOs, como devemos analisar o valor de Fintechs? - Investors’ Handbook
Fintechs e a Arbitragem Regulatória - Tanay’s Newsletter
Se gostou, não esqueça de encaminhar essa edição para seus amigos e parceiros.
Se quiser compartilhar via WhatsApp, clique no botão abaixo…
Boa semana!
Abraço,
Guilherme Lima (sobre mim)
Nas mídias sociais: Twitter | LinkedIn | Medium | Instagram
Com colaboração de Isabella Passos | LinkedIn | Elas&VC e Alan Bermanzon | LinkedIn
Acesse também:
-> Biblioteca com minhas referências de Boas Práticas, Templates e Exemplos para empreendedores.
-> Mapa de investidores com 140+ investidores de Venture Capital que investem no Brasil.
Caso queira ler as edições anteriores, clique aqui.
👇clique aqui se curtiu ou deixe um comentário
Obrigado Guilherme sobre mais um conteúdo, a sugestão do post sobre longo prazo é sensacional, li e recomendo. Abraço.