DealflowBR #40 - Update sobre as Empresas Abertas de Software da B3 - Regra dos 40% e Crescimento
E mais, Deep Dive da Zapier, Lições do David Velez, Release da Enjoei, a Tese do Excel e muitos links.
Bom dia,
Bem-vinda(o) a mais uma edição da DealflowBR #40.
É um bom momento para relembrar que a DealflowBR é uma newsletter sobre Startups, Venture Capital e Investimentos em Tecnologia em que ~80% é uma curadoria de conteúdo interessantes que tenho lido e ~20% são minhas análises, insights e devaneios.
Boa leitura!
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Um breve update sobre as empresas abertas de software da B3 - A Regra dos 40% e Crescimento
Há cerca de um ano eu fiz um post sobre as empresas Software listadas no Brasil no Medium da DFBR.
Desde lá muita coisa mudou.
Novas empresas de tecnologia fizeram IPO no Brasil, e a pandemia, os juros baixos e a liquidez aumentou a visibilidade para a tese de investimentos em tecnologia. Nesse cenário, no último ano empreendedores de tecnologia e investidores de Wallstreet têm dado mais foco ao crescimento do negócio do que em rentabilidade.
O ideal nesse caso é o Crescimento com Rentabilidade, e uma das melhores ferramentas para analisar é a Regra dos 40% (ou rule of 40).
Basicamente, a regra dos 40% diz que a taxa de crescimento de uma empresa somado a margem de geração de caixa, ou EBITDA, devem resultar em ao menos 40% para um equilíbrio sadio entre crescimento e rentabilidade. Por exemplo, se uma empresa está crescendo a 20% a.a., deve gerar uma margem de EBITDA de 20%. Se você está crescendo a 40% a.a., pode ter uma margem de geração de caixa de 0% para estar dentro da faixa. Se você estiver indo melhor do que a regra dos 40%, isso é ótimo. Geralmente, o mercado poderá premiar a ação com múltiplos maiores.
Dito isso, aproveitei esse tempo de quarentena para atualizar a análise da regra dos 40% das empresas de software da B3 e buscarmos entender quais empresas equilibram melhor Crescimento vs. Rentabilidade, e como o mercado ainda está premiando o Crescimento.
Nessa análise, inclui as novas empresas de tecnologia, e trouxe algumas empresas de modelo Marketplace/Consumo para a análise. Para melhor comparação as empresas SaaS têm cores em tons de cores frias (~azul) e as empresas de Marketplace/Consumo estão em tons de cores quentes (~laranja).
Neste gráfico da regra dos 40% podemos ver que as empresas SaaS tem métricas próximas uma das outras e somente a Locaweb está acima da faixa dos 40%.
Já as empresas de Marketplace/consumo, em tons de cores quentes, estão maiss espalhadas no gráfico. Só a Enjoei ficou abaixo da linha de corte da Regra dos 40%, em razão de uma margem EBITDA negativa.
Outro ponto que visualmente é possível analisar no gráfico acima, que as empresas que estão posicionadas mais acima no gráfico - ou que têm maior crescimento - geralmente têm o tamanho de bolha - um múltiplo de valuation de receita - maior das que estão abaixo.
1 - Resultados da Linx são de 9M20 anualizados.
2 - NTM: Next Twelve Months (Próximos 12 meses). Dados da Koyfin.
Data: 02/04/2020
Este gráfico mostra que ainda há alguma correlação do Múltiplo de Valuation com o Crescimento de Receita das empresas. Ou seja, é um fator relevante para o múltiplo de valuation das empresas hoje.
Mas vale lembrar que essa análise é apenas uma foto e que o mercado é dinâmico. Existem muitos outros fatores e métricas que poderão justificar, ou não, discrepâncias.
Porém, se o crescimento é tão importante, acredito que o ponto chave para analisar o valor de uma empresa de tecnologia ainda é entender o potencial de crescimento ao longo dos próximos anos.
Dito isso, o caminho para a dominância ou liderança de sua categoria e a captura de valor dentro dessa liderança, assim como o potencial das novas adjacências e novas fontes de receita e a mudanças de tendências de comportamento do seu mercado, dentre vários outros, são alguns fatores que eu busco entender.
Disclaimer: As análises e opiniões são minhas e eu não quero, nem posso, fazer indicação de investimento. Espero apenas que esse post possa te trazer alguns insights para suas análises e para sua vida empreendedora ou investidora.
David Velez, CEO global e Co-fundador do Nubank
Ouvi recentemente e gostei muito do Podcast com o David Velez, CEO e Cofundador do Nubank, no 20VC.
O episódio traz bons insights e conselhos do co-fundador do Nubank sobre, por exemplo: (i) como foi mudar da posição de VC, da Sequoia, para fundar o Banco Digital no Brasil, (ii) a escolha estratégicas de manter no mesmo produto de conta digital por um longo tempo, priorizando a entrega de um bom produto e o crescimento, enquanto acompanhava seus concorrentes lançando novos produtos adjacentes, e (iii) o dilema pessoal de acumular os papéis de CEO e Co-fundador ao mesmo tempo.
Harry Stabbings, host e fundador do 20VC, está fazendo uma série de episódios com vários empreendedores latino-americanos. O primeiro foi com o Simon Borrero, CEO e Cofundador do Rappi, há duas semanas, que também gostei bastante.
Acredito que o foco de um dos principais e mais vistos podcasts sobre Venture Capital na América Latina é bem positivo e pode significar bastante sobre a a mudança de percepção dos investidores global sobre a região.
Deep Dive na Zapier
A Zapier, solução de automação via APIs, ao lado do Airtable, são minhas ferramentas no-code favoritas. Com as duas é possível fazer qualquer tipo de automação para qualquer área de trabalho, como em no meu trabalho em Venture Capital.
Recentemente, a Sacra, casa de research de operações secundárias, fez uma análise de profunda e muito interessante sobre o negócio da Zapier. Além de contar um pouco da estratégia, modelo de negócio e valuation, traz alguns fatos interessantes sobre a empresa.
Achei bem impressionante como a Zapier chegou a US$ 100 milhões de receita em 10 anos, com apenas US$ 1,4 milhões de captação de investimento e com base no modelo PLG(Product-led Growth).
Em resumo, em março/2021, a empresa anunciou uma captação a uma valuation de US$ 5 bilhões e US$ 140 milhões de ARR, e a casa de research acredita que ela foi avaliada abaixo do valor justo, baseado no potencial futuro.
Os analistas comparam as características da Zapier com as da Netflix que, por exemplo, ambas têm ótimo controle da geração de demanda e são bem próximas dos seus clientes. Assim como o Netflix convenceu os estúdios de Hollywood, a Zapier convenceu os desenvolvedores de ferramentas que ela poderia ser uma distribuidora dos seus produtos. Assim, a Zapier consegue usar os dados e entender o comportamento de uso dos seus clientes na plataforma e criar novos produtos, assim como a Netflix.
A Tese do Excel
Acredito que pelo menos uma em cada três Startups colocam em seus pitch decks que têm como concorrente o Excel. De fato, esse deve ser o software de maior sucesso até aqui.
Apesar de não ser uma solução específica para um mercado, é um produto líder em diversas categorias dentro de gestão, mercado financeiro, consultoria, investimentos, TI etc... e ainda resolve bem, e de forma flexível, os diversos trabalhos rotineiros dia a dia, desde de 1985.
Esse artigo da newsletter ‘Not Boring’ disseca bem a história e as características da ferramenta que as fazem tão bem sucedida.
O texto ainda conecta o Excel ao ‘Efeito Lindy’ que diz, basicamente: ‘o quão longe, em termos de tempo, algo permanece, mais longe permanecerá’. O texto destaca que essa longevidade tem a ver com o efeito de rede da ferramenta e a qualidade da solução.
Por outro lado, comenta sobre as diversas soluções no-code e a tentativa de disrupção e ‘unbundling’ do Excel.
Gostei muito da leitura por nunca ter visto alguém analisar uma ferramenta tão tradicional. Para empreendedores vale a reflexão para entender porque seus potenciais clientes ainda usam o Excel e tentar criar algo 10x melhor.
O Release de Resultados da Enjoei
Essa semana eu vi o pessoal do Fintwit criticando bastante o primeiro Release de Resultados do 4T20 do Enjoei pro mercado.
No geral, foi realmente impactante. Estamos acostumado com aquela mesma linguagem fria e séria de releases desde sempre.
Concordo com algumas críticas em relação a diagramação, que não está das melhores para leitura. Porém assumo que gostei da coragem de como levam sua linguagem de marca e da sua cultura para o documento, e da mensagem leve, positiva e de olhar no longo prazo que acaba confrontando o status-quo de um mercado que não mudou muito nos seus processos. Isso é sempre interessante de ver.
Esse é um 'poema' que está no final do release, sobre a distração do sobe e desce dos preços das suas ações e a busca do foco no longo prazo.
O que mais temos lido de interessante
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Como lidar com a sua primeira reunião de conselho - Ash Rust
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Venture Capital
Tech Valuation - Uma atualizações porque os valuations de Venture Capital seguem crescendo - Kenn So
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M&A e Investimento em Tecnologia
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