Dealflow #63 - A dura realidade sobre ir atrás de investimentos hoje e uma boa noticia...
E mais, Estudos sobre VC em Latam, Quando enviar Updates para Investidores, sobre Líderes e seus Hobbies, Fintechs e mais...
Boa tarde,
Mais uma edição da DFBR chegando. Boa leitura!
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É hora de fazer fundraising?
Essa semana li esse relato no Linkedin de investidor da FPV Ventures, que acabou de levantar um fundo novo de $400 milhões. Basicamente, a história da sua postagem é que ele notou que, assim que anunciou o fundo novo, muitos empreendedores vieram solicitando para fazer uma apresentação/pitch a ele. Segundo o investidor, um número maior do que em outros anúncios de lançamentos de fundos que ele já havia feito antes. Na amostragem dele, ele percebeu que muitas dessas solicitações mostravam que as startups estavam em posição precária financeiramente. E, para resumir, ele sugere que, se estiver em uma posição ruim e precisar de funding, tente buscar algo internamente com seus investidores próximos, ou se puder, espere um pouco. Vale ler o relato completo.
Agora, voltando para a minha realidade e me abrindo um pouco, falando com outras pessoas do meio de VCs, em linha com o relato acima, temos visto uma redução da atividade de deals qualificadas para avançar no processo chegando para investidores, seja por falta de preparação ou avaliação dos critérios. Ainda existem, mas o mercado está mais frio o mercado mesmo. Não sei se estávamos mal acostumado mas devemos estar no que a Carlota Perez, autora do livro “Revoluções Tecnológicas e o Capital Financeiro”, coloca sobre transição do ciclo de Capital Especulativo/Financeiro para um Capital Produtivo.
A minha tese é que bons empreendedores — que não estão em estado de urgência ou dificuldades — entendem que o momento não é propício para fundraising, os comparáveis de valuation estão em momentos de ajustes e o mercado ainda não está claro. Ano passado, quando estava mais quente (e líquido), por exemplo, era claramente um melhor momento para empreendedores. Agora, é o pior momento dos últimos anos. Isso não é necessariamente porque o mercado está retraído ou com medo, ou sem capital, mas é porque os valuations estão em baixa, em um momento de alta volatilidade. Mas ainda tem capital no mercado para alocação em empresas que crescem com burn baixo.
Dito isso, em razão de múltiplos de valuation de empresas de crescimento na baixa, a minha visão é que os estágios após product-market fit serão os mais difíceis, principalmente os que são avaliados comparando a partir de métricas e benchmarks.
A boa notícia é que sabemos que as empresas mais emblemáticas da última década foram criadas durante a Grande Recessão de 2008 – 2009: Uber, Airbnb, WhatsApp, Instagram e inúmeras outras. No Brasil, as empresas mais emblemáticas de tecnologia no Brasil, Ifood, 99, QuintoAndar, RD Station, Omie, foram fundadas antes de 2015, quando não havia uma dúzia de fundos VC institucionais no Brasil e as taxas de juros eram próximas de 15%. Uma boa premissa é pensar que a quantidade certa de recursos para essas empresas as fizeram empresas mais duráveis.
Portanto, para Pre-seed e investimentos para concepção de grandes negócios, me parece um momento interessante. Não é que será fácil como era. Mas há bons argumentos atualmente que é um momento favorável para começar empresas sólidas:
Há tempo para construir Desde o relacionamento com stakeholders, até descobertas de oportunidades de mercados e segmentos e de desenvolvimento de produtos.
Concorrentes e players da categoria estão repensando, e investindo menos em marketing. Há menor competição e custo de aquisição de cliente.
Há talentos no mercado.
Há capital no mercado e um mercado investidor mais maduro em relação a investimentos em startups. E, ainda, os múltiplos de valuations não afetam significativamente o estágio pré-seed. O custo de construir um produto e a diluição não são impactadas pelo humor de mercado.
Dados sobre Startups e investimentos de VC na LATAM
A Endeavor do México divulgou um relatório bem interessante com dados de VC e Startups da Latam. Um estudo super completo. Fizeram um gráfico bem interessante com o funil da rota de venture capital e alguns detalhes das rodadas.
Updates periódicos a investidores: Quando enviar?
Essa thread perguntando tem algumas respostas interessantes sobre como e quando enviar updates mensais para investidores. Resposta que vão de "envie sempre" até "prefiro updates semestrais com mais impacto", e outros intermediários.
A minha sugestão é que o tempo deve ser quando acreditar que há novidades e avanços interessantes para compartilhar. A cadência é válida, mas uma cadência curta, como a mensal, por exemplo, é difícil para ter avanços relevantes a serem compartilhados. E, por fim, quanto mais personalizada e genuína a troca de conteúdo, melhor.
Também vale compartilhar esse conteúdo recente da Nfx sobre o relacionamento VC-Founder, com boas ideias para os tempos atuais.
Grandes Pessoas e seus Hobbies
Achei esse texto bem interessante que questiona porque as pessoas acima da média no seu ofício têm hobbies não relacionados com suas atividades. O autor analisa com mais profundidade sobre o Winston Churchill e seus hobbies, principalmente o de pintura em telas, além de mencionar outros líderes.
Segundo o artigo, estudos corroboram com o fato de que as pessoas que têm atividades de lazer fora do trabalho são mais bem sucedidas.
Um ponto interessante e central é que os hobbies precisam trazer paz para essas pessoas, geralmente contrabalanceando o caos do trabalho. Requerem que estejam presentes ao mesmo tempo que se desconectam. São momentos que você acaba por observar, com intencionalidade, a beleza da natureza. Grande parte desses hobbies são onde as pessoas curtem o silêncio, ou falam pouco, e neles observam de alguma forma com intencionalidade a beleza da natureza ou do que está em volta de nós como, por exemplo, a pintura em telas, ciclismo, mergulho, velejar, trilhas, entre outros...
Outras Leituras e Links Interessantes
Sobre Fintechs
Texto interessante da Cowboy Ventures sobre a reviravolta (também) nos valuations de fintech. Faz uma boa análise das mudanças nos múltiplos.
Mas o que achei mais interessante tem a ver com as diretrizes de construção de uma boa fintech daqui para frente:
Estratégia de distribuição inteligente. Não dá para competir com os incumbentes nos investimentos em aquisição. Tem que encontrar um caminho único de aquisição de cliente.
Plano para Marca e Trust dos clientes. Principalmente para as fintechs, essa confiança é muito importante.
Mentalidade de produto. Uma boa experiência excepcional e uma nova forma de interação para comprar ou negociar produtos e serviços financeiros pode ser algo muito poderoso.
Modelo de negócio desde o começo. Tem que capturar o valor do cliente.
Engenharia Financeira vs. Tecnologia. Geralmente as pessoas têm uma cabeça mais voltada para a engenharia financeira. Redesenhar um produto de crédito e vender em um website não traz inovação ou cria barreiras. Isso pode ter implicações em valuation e escalabilidade da empresa.
Esse outro site traz um compilação cases de 22 fintechs e como elas conseguiram os primeiros clientes: Fintech First Users: How 22 Fintech Startups Got Their First Users | Window
Acquihires
Material elaborado pela equipe da a16z sobre Acquihires: https://future.com/all-about-acquihires/
Trends em DevOps
Interessante e completo relatório, de um setor que acho interessante, sobre trends em soluções para produtividade de Devs: DevOps and Cloud InfoQ Trends Report — June 2022
Obrigado por ler mais uma vez e boa semana. 🚀
Abraço,
Guilherme Lima (sobre mim)
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Nota final: a DealflowBR é minha newsletter pessoal sobre o mercado VC e de Startups. Todas as opiniões colocadas aqui são minhas e não expressa necessariamente a visão da gestora pela qual eu trabalho. São opiniões e conteúdos com o objetivo único de levar conhecimento e discussão, e NÃO qualquer tipo recomendação de investimento. Fique a vontade para discutir comigo abaixo nos comentários.