DFBR #38 - Coinbase, Cripto nas Artes, Decisões dos VCs, IPOs Tech no Brasil, Análise da GetNinjas e mais...
Fim de uma gestora não-tradicional de VC, vídeos de máquinas de vendas e mais. 20% de insights e 80% de curadoria de conteúdo sobre VC e Startups ~1200 palavras (6 min de leitura)
Bom dia,
Mais uma semana começando e mais edição da DealflowBR na sua caixa.
Canal da Astella no Youtube e os Vídeos de Máquinas de Vendas
Lançamos o canal no Youtube e a primeira série é sobre as máquinas de vendas com os Experts e Partners do Astella Expert Network. Vale assistir as microaulas que já estão disponíveis: (i) Vendas Low-touch, como inside sales e (ii) Other people's touch, venda por canais.
Além disso, no blog da Astella, tem um post novo de curadoria bem completa do Edson Rigonatti, sócio e fundador da Astella, sobre como se tornar um Venture Capitalist. “Em breve, todos seremos Venture Capitalists…”
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Crypto is everywhere!
O IPO, por listagem direta, da Coinbase
A Coinbase, principal plataforma de negociação de criptomoedas no mundo, está abrindo o seu capital via listagem direta. Nesta listagem, a empresa está avaliada em US$ 100 bilhões.
Alguns dados do prospecto da empresa:
US$ 1,1 bilhões em receita (2020, cresc. 128% vs. 2019)
43 milhões de contas verificadas
US$ 90 bilhões de ativos na plataforma
US$ 322 de lucro líquido em 2020
90% dos clientes chegam organicamente
Um dos "fatores de risco" do prospecto é "A identificação do Satoshi Nakamoto"
Quando olhei os dados e o que a empresa já tem em portfólio, fiquei impressionado. A Coinbase possui um portfólio completo e são capazes de atender diversos tipos de clientes.
O prospecto (S-1) da empresa tem muita informação interessante sobre o que está sendo construído ao redor do crypto. Este artigo da Meritech fez uma quebra dos principais pontos e gráficos do documento.
O timing é muito bom dado a valorização dos criptoativos nos últimos tempos, mas, mais que isso, a abertura de capital deve fortalecer ainda mais a tese e o movimento crypto agora com o IPO da principal empresa do setor.
Blockchain, NFT e as Artes
Nas duas últimas semanas, muito se falou de mais uma vertente do blockchain chegando ao mainstream. Trata-se do Non-Fungible-Tokens (NFT) e o mercado de artes e coleções. Achei muito interessante.
Os NFTs são um tipo de “token criptográfico” e “contrato digital” que representam algo específico e único ao contrário do bitcoin ou outros tokens fungíveis. Então, podem fazer registros certificados baseados em blockchain que representam peças de mídia de maneira exclusiva. Pode ser qualquer coisa digital, incluindo arte, vídeos, músicas, gifs, jogos, texto, memes ou códigos. Os NFTs são bem confiáveis e protegidos pela mesma tecnologia que permitiu ao bitcoin pertencer a centenas de milhões de pessoas em todo o mundo e representar centenas de bilhões de dólares em valor.
O importante disso é que pode mudar totalmente a forma como a gente consome ou investe em arte ou coleções. O blockchain, por desagregação da cadeia, poderá transformar o mercado de arte como o AirBnB fez em hospedagens ou Uber em transporte. Outro fator que mudam a forma de produzir e transacionar é que se pode granularizar o valor e o preço de uma arte, podendo uma peça ser dividida por várias pessoas.
No último mês, foram transacionados mais de US$ 300 milhões. O marketplace cryptoart.io foi um dos que mais cresceu, registrando US$ 91 milhões.
Mas, o que mais chamou a atenção, foi o “Top Shot da NBA”, em que qualquer pessoa pode comprar, possuir e colecionar vídeos curtos dos melhores momentos da história do basquete americano, únicos e certificados por blockchain. Para entender melhor sobre essa oferta e como funciona os NFT/blockchain para coleção, recomendo muito ver esse vídeo da própria NBA. O uso da NBA já rendeu mais US$ 300 milhões pra associação de basquete americana, e, com a NFT, levaram a ideia de colecionar figurinhas ou cards, ou qualquer coisa de criadores, a um patamar superior, de maior valor agregado e com uma experiência muito mais completa.
Nessa linha, bandas, como a King of Leon, já planejam lançar novos albuns com a experiência do NFT.
O Scott Belski, investidor e empreendedor serial, descreve sobre as possibilidades e como o blockchain pode mudar o mercado de criação e artes. Vale acompanhar.
As duas notícias, tanto dos NFTs para artes, mesmo levando em conta o hype atual, como o sucesso da Coinbase e o seu IPO, e do fortalecimento da tese de criptomoedas, me traz sinais de um Zeitgeist do blockchain.
Como os VCs tomam as decisões de investimento
Uma pesquisa bem completa da HBR, com mais de 900 gestores de Venture Capital, traz boas estatísticas sobre como atuam os Venture Capitalists. Eles perguntaram sobre como os investidores originam, escolhem e estruturam os seus investimentos, como gerenciam portfólio e se relacionam com seus LPs.
Alguns resultados interessantes da pesquisa:
A maior fonte de originação de fato é a ativa, quando o VC vai à procura do empreendedor. Aqui tem uma leitura que recomendo para entender melhor o dealflow de VC.
Avançando no funil de VC, para fechar um investimento, geralmente, o investidor olha 101 oportunidades, 28 chegam a uma reunião com a gestão do fundo e 5 vão para due diligence. A taxa de 1% de oportunidades que se transformam em investimento parece ser uma média do mercado. Na Astella, compartilhamos nossas métricas neste link.
Os deals levam em média 83 dias para navegar no funil e 118 horas de diligências e calls.
Para escolher o investimento, os investidores dizem que a equipe ainda tem um peso maior que o modelo de negócio no processo. A métrica mais importante que analisam é o múltiplo de retorno do investimento.
Na estruturação dos deals, os investidores se declararam rígidos quanto a algumas cláusulas, destacando a importância do direito de pro-rata ou de poder continuar investindo nas rodadas seguintes.
O artigo traz outros dados e estatísticas sobre VC, sobre gestão do portfólio e gestão dos investidores que é importante para quem quer entender melhor o Venture Capital, ou algumas ideias para empreendedores que irão se engajar com VCs. Link do artigo.
Fim da Indie.vc
A Indie.vc é uma gestora de Venture Capital que começou uma onda ‘anti-startups unicórnios’ - com uma foto clássica de um unicórnio pegando fogo que ainda está no site deles. A Indie.vc publicava seus termos de investimento no site e, a primeira vez que o vi, achei que fazia bastante sentido. A tese era investir em empresas sustentáveis desde o inicio, e, com isso, buscava dar a opcionalidade de preservação do equity aos empreendedores da startups que, igual eles, pensavam em sustentabilidade em primeiro plano, ao invés do crescimento acelerado. Basicamente, os termos acordava que os fundadores poderiam tinha a opção de recomprar a participação do investimento, ou parte dela, caso atingissem alguns KPIs pre-estabelecidos.
Nesta semana, Bryce Roberts, fundador da Indie.vc anunciou o fim da gestora. Pelo texto, o motivo que se dá a entender é que os seus LPs - Limited Partners (investidores) - não se entusiasmaram com o modelo de Venture Capital da "Economia Indie".
Eu tenho que confessar que, apesar de gostar muito da coragem e intuito genuíno de desafiar o status-quo modelo VC, tenho dificuldade de ver nessa proposta um balanço melhor no que diz respeito a risco e retorno em relação ao modelo tradicional de VC.
Refletindo mais a fundo nos fatos, talvez o problema da Indie.vc esteja no seu posicionamento como Venture Capital. Na minha visão, penso que o investidor que busca investir em Venture Capital busca alto retorno, entendendo do da existência do risco. Apesar de também investir em Startups em estágio inicial, a proposta de valor desse modelo limita o retorno do investimento, não se enquadrando como VC, na minha visão, e por isso esses investidores LP de VCs não compraram a ideia.
Há algum tempo li este artigo sobre a matemática de VCs alternativos, com a Indie.vc, e disseca bem o racional e algumas implicações desse modelo de Venture Capital.
Nova onda de IPOs tech ?
Tem uma nova leva de empresas de tecnologia na fila do IPO, que publicaram seus prospectos preliminares na CVM:
GetNinjas (Marketplace de Serviços)
Bionexo (Software para Saúde)
Infracommerce (Plataforma e soluções para ecommerce)
Dotz (programa de fidelização)
Privalia (Ecommerce Outlet)
LG Informática (Software de RH)
Como estou interessado em marketplaces nas últimas semanas, fiz uma brevíssima análise de algumas informações do prospecto da GetNinjas com algumas métricas de marketplaces no meu Twitter:
O que mais temos lido de interessante
Fundraising para Startups
Report: Dados de rodadas Pre-Seed em 2020: As prioridade dos investidores - DocSend
Parte 1 - Fundraising sem YC - A Preparação - Founder Musings
PR e Rodadas para Startups
Por que ninguém cobriu a sua rodada early-stage - Alexwrite’s blog
Um checklist para anunciar a sua rodada - VersionOne
Venture Capital
Investimento Anjo
O meu playbook no investimento anjo - João Kepler
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