DealflowBR #75
Minhas leituras recentes, aprendizados e reflexões sobre AI, o Cold Start do Waze, Enfrentando os Medos, como Olhar para a Regra dos 40, e mais...
Oi pessoal,
Aqui está mais uma edição da DFBR em sua caixa de e-mails, com um compilado do que eu tenho lido, aprendido e refletido nas últimas semanas.
Mas antes, como sempre, os recados da casa:
Aqui é um pedido para founders de empresas SaaS. O pessoal da Builders2Builders está promovendo uma ampla pesquisa de benchmarks de métricas do mercado brasileiro. O report que está sendo chamado de “O futuro do Mercado de SaaS” está bem aberto e sendo desenvolvido em público. Participe da pesquisa (leva de 5-7 min)
Se gostar dessa edição, não esqueça de enviar para seus amigos e parceiros também lerem.
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CEOs e o Medo
Eu gosto muito da simplicidade do método do Matt Mochary, coach de grandes CEOs do Vale do Silício (eu já comentei sobre outros aprendizados dele aqui e aqui).
Ele tem comentado que o medo é um dos maiores detratores na tomada de decisão de um líder, mesmo para founders e CEOs renomados.
Na última participação dele no podcast do Tim Ferris, Matt faz uma sessão de coaching ao vivo com o próprio Tim, em um exercício muito simples e poderoso sobre o medo. Esse trecho de cerca de 10 minutos é possível entender a ideia do coach.
Primeiro, ele pede ao Tim para contar sobre algo que ele tem medo.
Basicamente, Tim conta que terminou um relacionamento de 5 anos recentemente, e que tem medo de que a busca por uma nova pessoa parceira, por diversos fatores que ele elenca no trecho, será um processo mais exaustivo do que proveitoso. Matt então rapidamente faz uma aposta totalmente contrária às previsões dos medos do Tim Ferris, para comprovar que o medo geralmente nos traz previsões exageradas. Segundo o próprio Matt, ele já fez essas apostas em cima dos medos dos clientes diversas vezes e nunca perdeu, simplesmente porque ele não está em medo. Ao final, ele comenta que se o Matt ganhar, o Tim, quando estiver com medo, deverá acreditar em suas previsões.
Depois, Matt mostra no seu método como cria acionáveis e faz os follow-ups para atingir esses resultados.
Como o Waze construiu o seu efeito de rede
Essa história sobre como o Waze conseguiu destravar o valor do seu produto traz bons insights, e o mais interessante é que, na minha visão, é possível refletir a sua evolução de mercado com os conceitos do Crossing The Chasm.
Na época do lançamento do Waze, em 2006, comprar os dados de mapas era algo muito caro. Havia poucos players que detinham essa informação.
O Waze então decidiu que começaria do zero. O começo aconteceu graças a poucos usuários super engajados que construíram os mapas para o Waze. Eles eram tão engajados que chegavam em casa, descarregavam as rotas no seu computador desktop e depois as classificava e atualizava. Hoje ainda existe o Waze Map Editor, e muita gente ainda usa.
Esses eram os seus Super Power Users, equivalente a 1% dos usuários. O texto traz aprendizados claro de como é importante a comunidade e lidar direto com seus primeiros usuários e, se você começa um negócio a partir desse alto engajamento deles, a comunidade deverá fazer parte da identidade da sua empresa, como uma “community-led company”.
Depois, com a evolução, o autor cita que havia 9% dos usuários que eram uma espécie de early adopters. Que não necessariamente chegariam em casa e descarregariam as rotas, mas que eram entusiastas de mapas e gostavam de participar e dar feedback, e serem reconhecidos de alguma forma por isso. Foi daí que o Waze criou a gameficação com badges e rankings, entre outras features.
Então, os 90% dos usuários restantes são basicamente o mainstream que, como eu e você, queremos sentir que temos muitas vezes informações privilegiadas sobre trânsito ou rotas alternativas a obstáculos, trazendo uma sensação de que temos um segredo.
AI e os setores lentos
Texto com ideias do Marc Andreessen, fundador da a16z, sobre porque ele acredita que AI não irá causar desemprego.
Uma frase do texto que me chamou muito a atenção:
“We are heading into a world where a flat screen TV that covers your entire wall costs $100, and a four year college degree costs $1 million, and nobody has anything even resembling a proposal on how to fix this.”
Isso tem muito a ver com outra ideia dele que já comentei aqui (Leia em "Setores Velozes e Setores Lentos" da DFBR #47).
Setores lentos, sendo os maiores da economia e de serviços básicos da sociedade - como saúde, educação, moradia -, são pesadamente regulados, controlado e/ou engargalados pelo governo e pelos próprios setores em si. Inovação tecnológica nesses setores é quase proibida atualmente.
Relatório sobre VC na LATAM em 2022
Muitos insights nesse relatório da Glisco Partner e Endeavor chamado "Venture Capital and Growth Equity Ecosystem in Latin America 2022".
Me chamou a atenção a relevância da participação dos investidores locais no Brasil:
Founders nem sempre são fáceis e faz parte
Acho este assunto bem relevante, e algo que discuto com outros investidores. Founders podem ser pessoas difíceis.
Sem levar em conta nossos vieses nesta discussão, mas Steve Jobs era reconhecidamente difícil. Também se comenta que Elon Musk não é fácil. Mesmo alguns bons empreendedores que já interagi, e tiveram sucesso, não são pessoas tão fáceis.
Primeiro, é importante entender a situação e posição do lado deles. Cada está em uma batalha. O exemplo mais claro é que estar em fundraising, fazendo centenas de reuniões em pouco tempo, se expondo, e expondo a empresa, para pessoas novas não é fácil.
Não é que todo founder deve ser difícil, pelo contrário. Mas se o founder aparenta ser mais difícil, também não quer dizer que ele não será bem-sucedido. Como o autor coloca, é necessário entrar em um segundo nível de questionamentos para entender se aquela aparente dificuldade poderá afetar o futuro daquela oportunidade e, mais, se eu acredito que o relacionamento será proveitoso e próspero.
Orlando Bravo e a eficiência em Software
Ouvindo ao podcast da 20VC com Orlando Bravo, Founder da Thoma Bravo, um dos mais relevantes Private Equity de Software. Me chamou a atenção a visão pragmática de criação de valor em software, com bastante foco em eficiência para empresas de software, e um olhar único de Fluxo de Caixa Descontado nesse campo. Para quem tem interesse, vale ouvir.
Mas, pesquisando mais sobre as ideias dele, vi uma interessante entrevista que deu, e me chamou muita a atenação a sua visão sobre a Regra dos 40, que ao final soou bem claro para mim.
Para ele, a regra dos 40 não é uma boa porque é mal interpretada. Por exemplo:
Uma empresa de Bilhões de dólares que cresce 40% com zero de rentabilidade não parece sustentável.
Ou, uma empresa de bilhões, com margens de 40% mas que cresce 0% ao ano, não tem muita perspectiva.
Ambas estão acima da regra de 40. Um ponto importante, é que operacionalmente não é simples mudar a alavanca de crescimento para rentabilidade, ou vice-versa, instantaneamente.
Ele comenta que, o quanto mais rentável você é, e com uma margem bruta mais alta, mais rápido você deve crescer. Você tem menos camadas de gestão, mais controle, eficiência e foco no que faz de melhor, e assim construir melhores casos de usos, que são mais fáceis de vender, implementar e consumir.
Por fim, para software em late-stage, na regra de 40 a rentabilidade tem um peso muito relevante, e quanto mais o crescimento vem junto disso melhor. É nessa linha que faz sentido olhar essa métrica.
A probabilidade de ser um unicórnio, a partir da rodada Seed
Estudo interessante do professor Ilya Strebulaev sobre a probabilidade de uma empresa se tornar unicórnios em relação ao tamanho do funding de Seed.
Minhas impressões rápidas sobre o gráfico:
Até $3mn de funding podemos considerar empresas muito eficientes.
Interessante que de $3mn a 11mn de seed funding muda pouco a probabilidade.
Mais de $12mn de seed round, as empresas que levantaram esses rounds, hoje estão tendo que provar uma tração muito alta para não terem um downround ou ajustando diluição em rodadas bridge. E para os investidores Seed dessas rodadas, terão que ter eventos de liquidez de Decacórnios para serem apostas vencedoras nos seus portfolios.
Outros links:
O playbook de M&A GitLab para aquisição - Acquisition Process | GitLab
Apresentação do Ben Evans - "The New Gatekeepers" - Presentations — Benedict Evans
Bom resto de semana! 🫶
Abraço,
Guilherme Lima (sobre mim)
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PS: As fotos capa das últimas edições foram tiradas do meu Google Fotos…
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