DealflowBR #53 - Segue a minha saga pelas oportunidades na Web3
E mais, Memo>Pitch, sobre M&As de Tecnologia, Investidores Seed com Mais Unicórnios no Portfolio, Uma Otimista e Outro Pessimista sobre Investimentos em Tech e mais...
Olá, aqui é o Guilherme da Astella, gestora de Investimentos Seed e Series-A em empresas de SaaS, Marketplace e Consumer. A DealflowBR é minha newsletter pessoal, com suporte de colaboradores, enviada ~quinzenalmente sobre Startups, Venture Capital e Investimentos em Tecnologia. Do que escrevo aqui, ~80% é uma curadoria de conteúdo do que tenho lido e ~20% são análises, insights e opiniões próprias.
Bom dia,
Feliz 2022 a todos!
Entre as datas festivas de final de ano e a minha viagem de férias, consegui sentar para escrever mais uma edição da DFBR com o que tenho lido e refletido nas últimas semanas.
Nesta edição...
Minhas últimas reflexões sobre a Web 3.0
Sobre M&A das Big Techs e dos Compadores em Série
Os Pitch Deck em formato de Memorando
Os Fundos Seed com maior número de unicórnios
Uma visão otimista e outra pessimista sobre investimento em tecnologia atualmente
Boa leitura!
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Segue a minha saga pela Web3
Primeiro, muito obrigado a todos pelos compartilhamento de contatos, conexões e conhecimento sobre o mundo de Web3. Tenho aprendido muito!
Ainda sigo com a percepção que muita coisa da Web3 é cedo. As principais críticas do mercado que de alguma forma eu concordo, é que:
Os insiders desse mercado - VCs, de grandes holders e as equipes empreendedoras - são os mais interessados e os que mais colhem os frutos e ganhos do sucesso inicial. É óbvio que os primeiros apostadores devem ganhar mais, mas sinto falta de pessoas de fora espalhando e fazendo referências às soluções espontaneamente.
Há muita solução sendo lançada ao mesmo tempo, sem utilidade clara ou validação por algum método (como customer discovery), ou seja, parecem que as soluções estão vindo antes de entender o problema. Além disso, o modelo de ida a mercado geralmente é feita subsidiando membros e early adopters, por meio da doação de tokens. Não sei se estou perdendo algum ponto aqui mas pela minha humilde experiência, isso pode confundir e mascarar o que seria um real Product-Market fit.
Por outro lado, alguns fortes sinais deixam claro que Crypto e Web3 uma nova economia está em construção:
muitos empreendedores estão de olho em novas empreitadas em crypto
os sistemas descentralizados e inovações em tecnologia para consumo e financeira deverá ser em blockchain e crypto
muitos VCs já olham o ambiente crypto com um olhar exclusivo, assim como olham para SaaS ou Marketplace. A renomada Sequoia Capital fez um texto no seu blog sobre sua empolgação com o ambiente da Web3.
Falando das soluções, alguns conteúdos e ideias que tem me chamado a atenção:
O ambiente de DeFi(Finanças Descentralizadas) tem me surpreendido muito com o que está sendo construído, e como a dinâmica de um mercado que busca ser autossustentável é bem interessante.
Essa Live gravada da BanklessBR dá uma geral por diversos soluções de investimento neste ambiente. É bem inicial, mas, pro final da live, apresentam como investem para renda passiva em DeFi. Achei interessante a proposta do KlimaDAO.
Acho que algumas coisas que fazem a ponte da Web 2.0 para a Web 3.0 fazem bastante sentido. Como usar NFT para aumentar o engajamento, exclusividade e a fidelidade de clientes com grandes marcas, ou plataformas e ferramentas básicas que levam o público da Web 2.0 para o mundo de Crypto.
Esse belíssimo texto de Tim O’Reilly, o cara que definiu o termo Web 2.0 há 17 anos, argumenta por meio de diversos pontos, entre eles o da Teoria do Ciclos de Tecnologia da Carlota Perez (que sou fã!) para argumentar que ainda é cedo. Porém, também acha que as oportunidades estão na intersecção entre Web 2.0 e Web 3.0.
Algumas ferramentas que trazem o público pro ambiente de crypto já estão se provando. A Metamask, a principal wallet de crypto, já fatura US$ 200 milhões ano e OpenSea, marketplace de NFTs, levantou sua rodada Series-C a US$ 13,3 bilhões de valuation com a Paradigm e Coatue Management.
Por outro lado, essa entrevista com o cara que criou o NFT Bay (Pirate Bay dos NFTs) me confundiu bastante sobre NFTs. Ele explica que a maior parte dos NFT de artes vendidas são apenas um hyperlink para uma imagem.
A mensagem aqui, e que corrobora com a tese de que é muito cedo, é que pessoas com vulnerabilidade financeira devem ficar de fora disso nesse momento.
Vou seguir aprendendo e construindo a minha convicção. Continuo aberto para trocas e apresentações sobre esse mercado. Fique a vontade para me responder neste email.
Sobre M&A
Big Techs
Em um artigo bem interessante, Benedict Evans traz reflexões interessantes sobre o mercado de M&A das Big Techs.
Dentro dos processos de regulação das Big Techs nos EUA, o órgão responsável pela investigação solicitou os dados das mais de 600 aquisições que as empresas FAAMG fizeram entre 2010 e 2019. Tem muita informação ali.
Alguns pontos interessantes do autor e outros insights:
Quase metade (40%) foram aquisições de até US$ 10 milhões, ou podemos dizer acquihire, e 80% menores que US$ 50 milhões. Em uma rota de VC, essas seriam saídas com perdas. Para as BigTech, M&A tem grande foco em adquirir talentos.
86 da aquisições foram maiores que US$ 50 milhões. De acordo com dados da NVCA, elas representaram apenas 4% das saídas razoáveis para VCs entre 2010 e 2019. Parece que, se você é uma empresa quente no mercado de VC, com alguma maturidade, dificilmente será comprada pelas grandes BigTechs.
Os Compradores em Série
Esse belo post traz um estudo sobre as principais empresas compradoras e o que fazem elas terem retornos superiores. O texto traz os pontos que fazem a Constellation Software, empresa consolidadora do mercado de softwares, ter tanto sucesso em suas aquisições em série, como a métrica chave usada para incentivos da equipe: ROIC + crescimento orgânico de receita.
Ele divide a análise pelo tipo da empresa compradora como Roll-ups, Plataformas e Acumuladores. Enfim, vale conferir para aprender mais sobre M&A.
Memos > Pitch Deck
A Amazon tem a cultura da escrever e ler os memos antes das suas reuniões e discussões (six page memos), ao invés de apresentações em powerpoint. Isso evita vieses pessoais e de apresentação e o leitor tem um momento pessoal de reflexão e análises sobre o material.
Tenho visto alguns empreendedores colocarem seus pitch decks em textos, e a ideia tem sido bem interessante. A conversa parte de um ponto mais avançado que um pitch deck. Além disso, ao descrever o problema, produto, métricas, mercado, Product-Market Fit, estratégia de Go-to-market, é possível rever e refletir com calma a sua estratégia, a narrativa e encontrar gaps. Também, o CEO/Co-founder pode deixar o material documentado para suas equipes como um plano para os 12-18 meses.
Para se inspirar:
VCs de Seed com Mais Unicórnio
Investir em uma Startup a um valuation de US$ 1 bilhão não é tão difícil. Porém, mais difícil, é investir em uma Startup no estágio Seed e ter vários unicórnios na carteira.
Apesar de, por razões fundamentalistas de investimento, tenho cada vez visto unicórnios ‘de papel’, já que muitas empresas tem graduado para esses status com pouquíssima receita e não tem tornado ainda os resultados para os fundos que investem.
No website é possível ver outro rankings como de rodadas graduação de Series-A, em diante.
Dois grandes nomes e duas diferentes visões sobre o momento do mercado de Tecnologia
Nos últimos meses o mercado de tecnologia vem sofrendo com as pressões de inflação e taxas de juros, que levanta uma bandeira sobre se a onda positiva do mercado seguirá.
Em um mesmo dia me deparei com duas leitura de opiniões de pessoas de grande peso no mercado de investimento em inovação com visões distintas.
A Cathie Wood, CEO e Cofundadora da ARK Invest, é talvez uma das mais otimistas que existem sobre inovações e futuro da tecnologia. Ela escreveu em seu blog sobre as recentes críticas e perdas que seus investimentos vem passando, e que o mercado tem se apegado muito a benchmarks do passado para prever o futuro, que será diferente. Se está errada ou certa, o futuro dirá, mas gosto da coragem e do otimismo dela.
Josh Wolfe, Co-Fundador da Lux Capital, tem uma visão mais pessimista. Em uma entrevista para a VICE, ele acha que há uma bolha iminente e chama atenção para o olhar de Value Investing. Gostei bastante deste trecho:
“As pessoas estão dizendo que Value Investing morreu. Que Warren Buffet e Charlie Munger estão mortos. Eles não estão mortos, e estas ideias não estão mortas. São ideias atemporais. São ideias que dizem que um negócio hoje é o valor presente dos seus fluxos de caixa futuros; que um negócio tem uma vantagem competitiva quando há algo estrutural no seu supply-chain, ou na sua marca, ou no seu poder de preço, ou na sua capacidade de ter o monopólio da propriedade intelectual ou do licenciamento governamental. Essas são coisas reais que fazem negócios reais. E o valor que se fornece ao cliente está então no poder de preços que se tem e nas suas margens. E ao contrário da escassez da mundo hoje em dia, os lucros são uma boa medida de valor que se fornece às pessoas.”
Outros assuntos aleatórios, porém interessantes
Previsões do Kellblog parap 2022 - Kellblog
Os diversos fits e fases que uma Startup precisa atravessar - Judd Morgenstern
Quais as chances de sucesso de uma Startup Seed nos EUA? - Crunchbase
Como construir um Neobank: A história do Nubank - Product Growth by Aakash Gupta
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