DealflowBR #04 - Coronavírus e as Startups, tentativa de disrupção no mercado jurídico e mais...
...mercado de patinetes no Brasil, resultados das Techs Sinqia e Positivo e Podcasts. VEM CRISE #embraceyourself
Mais uma edição da DealflowBR em meio a chegada da crise nos mercados.
…
Tem sido uma experiência muito legal escrever quinzenalmente por aqui, tanto quanto os feedbacks que venho recebendo dos leitores (PS: muito obrigado ao pessoal que vem interagindo).
Com a ideia de levar insights mais rápidos e discutir assuntos mais fresco, assim como reduzir o tamanho da newsletter, buscarei escrever com uma frequência maior - uma edição por semana -, logo que houver conteúdo interessante e suficiente para uma edição.
O seu feedback sobre conteúdo, frequência, formato, tamanho etc… é, e sempre será, muito importante. Fique a vontade em falar comigo por aqui.
Se você está gostando, encaminhe a newsletter para seus amigos e parceiros. Eles poderão se inscrever através deste link.
Lembrando que, para garantir o recebimento e evitar cair no Spam, assinale o e-mail como confiável/ ou “não é spam”, ou mova-o pra Caixa de Entrada.
O Coronavírus (Covid-19)…
Hoje em dia, todos noticiários e mercados só falam do CoronaVírus, e não como não falar.
Ainda não dá pra saber o real impacto ou duração que esse evento terá na economia, mas é fato que já começa a afeta-la, com as projeções de PIBs reduzindo, investidores mais aversos ao risco e alguns setores sentido mais fortemente como o de Viagens & Turismo (empresas aéreas, hoteis, eventos etc…) e o logística. Na última semana praticamente todos eventos internacionais estão sendo cancelados ou adiados. No meio de tecnologia foram cancelados eventos como o SXSW e SaaStr, e o Demoday da YC será online.
Mas o que quero comentar é (1) a tese de mercado do trabalho remoto que está se provando nesse momento de alto risco de contágio e (2) como os gestores de Venture Capital estão avaliando e aconselhando empreendedores de Startups no atual cenário.
Coronavírus
e a Tese de Investimento do Trabalho Remoto
O trabalho remoto, trabalhar de casa ou à distância do escritório da empresa, começou a ser aderido por muitas empresas e startups nos últimos anos devido, principalmente, a dificuldade de encontrar talentos localmente, a exigência por melhor qualidade de vida e saúde no trabalho, ao estilo de vida demandado pelos millenials, entre outras. Por outro lado, além de todos benefícios, alguns empreendedores de Startups levantam comunicação e a celebração de grandes resultados como dificuldades, entre alguns contrapontos. Mas, é fato que epidemias, como a do Coronavírus, vêm pra reforçar essa tese.
Nas últimas semanas, devido ao aumento de contágio do Virus na Europa e nos EUA, algumas das maiores empresas de tecnologia como o Twitter, Stripe, Google, Amazon, Microsoft e outros anunciaram que seus funcionários deveriam trabalhar remoto, de suas casas.
Já existem diversas startups que tem seu quadro de funcionário 100% remotos, e faturam mais de US$ 50 milhões, como, por exemplo, a Zapier, Gitlab e Buffer.
Nessa tese, hoje existem diversas startups que proveem ferramentas diretamente ao trabalho remoto que estão mostrando forte adesão e crescimento de demanda nesse momento.
O índice de ações da S&P 500 vem sofrendo nos últimos dias em razão do vírus, por outro lado, a ações da Zoom (NASDAQ: ZM), empresa de serviços de teleconferência, dispararam como solução para esse momento. Outras empresas como Slack, Dropbox e RingCentral também subiram nessas últimas semanas.
Coronavírus
e as Startups investidas por VCs
Alguns investidores de Venture Capital, como a Sequoia Capital, Mark Suster (da Upfront Ventures) e Tomasz Tunguz (da Repoint VC) escreveram artigos com análises do mercado de Startups e sugestões sobre como enfrentar esse momento para que empreendedores busquem minimizar os danos do seu negócio e passar vivo deste evento:
Alguns pontos extraídos desses artigos:
É hora de apertar os cintos e controlar o caixa, ser mais conservador e analisar cenários de vendas, despesas e caixa, rever os planos de negócio e tomar ações prevendo esses cenários - (como em um dia normal de uma empresa bem gerida, certo🤔? )
Os ciclos de vendas e de fundraising deverão ficar mais longo durante essa fase
No caso de fundraising, talvez não seja uma boa hora para buscar recursos, mercado estará averso a risco e valuations podem ficar menores
Eventos de incerteza como esse acontece e sempre acontecerão, mas os fundadores de Startups que passam por essas fases ficam mais “cascudos”e mostram a sua resiliência e da sua empresa.
A McKinsey, firma renomada de consultoria estratégica, desenhou alguns cenários (recuperação rápida, cenário base e pessimista) e sugeriu também alguns importantes conselhos às empresas em um artigo sobre as implicações do COVID-19.
Links pros artigos:
Coronavirus: The Black Swan of 2020 - Sequoia Capital
What I Expect in the Next Few Months for Startupland - Tomasz Tunguz (Redpoint)
Funding in the Time of Coronavirus - Mark Suster (Upfront)
COVID-19: Implications for business- McKinsey & Company
Disrupção no Mercado de Advocacia. Não foi dessa vez…
Achei interessante a história da Atrium, startup de legaltech, que eu acompanhava, que vislumbrava mudar o modelo atual de prestação de serviços de advocacia dos EUA por meio de software e um modelo de subscrição.
A Startup foi fundada por um empreendedor serial de sucesso e nos seus pouco mais de 3 anos de vida já havia levantado mais de US$ 75 milhões.
Nesta última semana a Atrium anunciou o desligamento de sua operações, demitindo 100 funcionários. As principais razões citadas foram a falha em entender como atender os clientes diferentemente de firmas tradicionais e a dificuldade de pivotar ao modelo puro de tecnologia / software.
Alguns fatos rápidos sobre a Atrium:
Empreendedor serial Justin Kan, que fundou a Justin.tv que cirou a Twitch e foi vendida para a Amazon por US$ 970 milhões. Além disso foi executivo do YCombinator
Fundada em 2017.
No ano de fundação, a Atrium levantou sua Series-A de US$ 10,5 milhões a R$ US$ 47 milhões de valuation.
Pouco mais de um ano levantou a Series-B de US$ 65 milhões.
A lista de investidores no Captable(quadro acionário) da empresa era impressionante, com mais de 50 pessoas de renome, com fundos VCs como Andreesen Howowitz, GGV Capital, YCombinator e outros varios investidores anjo.
4 reflexões/comentários rápidos:
Isso é uma das ‘leis’ do mercado de venture capital, Startups irão falhar.
Devolver o dinheiro antes, sem ir até o final do runway e falir, é louvável.
Empreendedores seriais, que já tiveram sucesso anteriormente, levantam recursos mais facilmente. Mas mesmo eles falham, e os (bons) VCs entendem isso.
Ele era um empreendedor com um histórico de sucesso mas, talvez, não tinha a experiência de fato no mercado, no caso o mercado jurídico.
Grow, startup de mobilidade por patinetes, deverá ser vendida por U$ 1
A startup brasileira Grow, fusão da Yellow com a Grin, deverá ser vendida a Mountain Nazca, dona da Peixe Latam (fusão do Peixe Urbano com Groupon Latam) por US$ 1. A startup já vinha enfrentando diversos desafios como funding, dívidas e desavenças entre os sócios Yellow vs. Grin.
A Grow, e a Yellow e Grin, já havia levantado um total de mais de US$ 250 milhões de funding.
Além disso neste mercado, recentemente os patinetes do Uber chegaram ao Brasil, e a Lime deixou o país.
#Playlist |👂🎧
Podcast sobre o Cenário para os bancos no Brasil - Stockpickers
| 👂🎧 Debate de alto nível com gestores e analistas de investimentos do mercado de ações especialistas em bancos (da XP, Brasil Capital, GTI e outros). A discussão traz informações, visões e análises bem profundas sobre o cenário atual e futuro do mercado bancário do Brasil, cenário competitivo, novos produtos e as fintechs. A discussão é bem legal com argumento e teses diferentes sobre o oligopólio e atuação de fintechs. Link para ouvir no Spotify (78 min).
Podcast sobre Agtech - Shift
| 👂🎧 Podcast com Fernando Martins empreendedor, executivo e membro do conselho da Solinftec, uma das mais valiosas Agtechs que atuam no Brasil, falando sobre Agtechs e esse mercado no Brasil.
Tenho estudado bastante este mercado e encontrei alguns insights interessantes nesse podcast. Quem se interessa pelo assunto, vale a pena ouvir. Link para ouvir no Spotify (47 min).
#Resultados recentes em Tech no BR
Sinqia - 2019 ($SQIA3)
💰~R$ 175mn de receita líquida (cresc. de +23,3% vs. 2018)
🔁 Receita recorrente de R$ 147mn, ou 84% da receita total (cresc. 59,3% vs. 2108)
📈 Margem EBITDA ajust. de 12,0% (vs. 13,5% em 2018)
🏢 Mkt cap R$ 1,45 bn *
💲 Múltiplos para 2019 - EV/Sales 9,8x e EV/EBITDA 81,6x *
Link pro Release de Resultados 4T/2019
Positivo - 2019 ($POSI3)
💰 R$ 1,9bn de receita liq. (1,3%+ vs. 2018)
📈EBITDA ajust. de R$ 144mn (vs. R$ 114mn em 2018)
🆕Positivo-as-a-service e Servidores cresceram 94% e 36% em 2019, respectivamente
😷COVID-19 poderá afetar o abastecimento de projetos ao governo no 1T e 2T20
🏦 Dívida líquida R$ 271,5mn **
🏭 Mkt Cap R$ 737 mn *
💲 Múltiplos em 2019 - EV/EBITDA 7,0x e P/E 36,8x *
Link pro Release de Resultados 4T/2019
*em 06/03/2020
** não considerando a entrada da captação de recursos do Follow-on em Fevereiro/20, no valor R$ 353,7mn
É isso. Chegamos ao fim de mais uma edição.
Se gostou, encaminhe para algum amigo/parceiro.
Até a próxima edição. Não se esqueça de lavar as mãos.